O que dizem os dados sobre a hanseníase de 2023?

Painel de Monitoramento de Indicadores da Hanseníase apresenta panorama com dados da doença registrados em 2023

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A notificação de casos de hanseníase aumentou em 14,4% em 2023. Segundo os dados do Painel de Monitoramento de Indicadores da Hanseníase, do Ministério da Saúde, 22.466 novos casos da doença foram registrados no ano indicado.

O aumento da notificação de casos, para o monitoramento da situação epidemiológica da doença, é, na verdade, uma coisa boa. Significa que a hanseníase está deixando um cenário de subnotificação, intensificado durante a pandemia de Covid-19. Entre 2019 e 2021, houve uma queda de 34,2% no número de casos diagnosticados, que saiu de 27,8 mil para 18,3 mil notificações. No entanto, em 2021, 11,2% dos das pessoas diagnosticadas revelaram lesões graves nos olhos, pés e mãos, sugerindo a detecção tardia da doença. 

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Esse cenário de aumento das notificações é animador. Como afirma a gestora de pesquisas da NHR Brasil, Aymée Rocha, “isso mostra que os casos estão sendo encontrados e tratados, o que contribui para o controle da hanseníase”, aponta ela.

 

O exame de contatos de pessoas acometidas, ou seja, indivíduos com convívio próximo e prolongado que estão mais suscetíveis a desenvolver a doença, é uma estratégia eficaz adotada para identificar precocemente possíveis novos casos de hanseníase. Apesar de ter sido utilizado em cerca de 78% dos contatos registrados em 2021, ainda há muito a ser feito para alcançar os parâmetros recomendados pelo Ministério da Saúde, que determina que o exame seja realizado em pelo menos 90% dos contatos registrados. 

A maior parte das saídas de tratamentos se deu por cura dos pacientes registrados. Isto é, 76% das saídas, e 7,72% por abandono do tratamento. Apesar da porcentagem mínima em comparação com as saídas por cura, a taxa de abandono de tratamento ainda deve ser motivo de preocupação.

“O abandono do tratamento é preocupante pois aumenta o risco de desenvolvimento de resistência aos medicamentos da poliquimioterapia”, ressalta Aymée.

Ademais, ela adiciona que “os gestores e autoridades de saúde devem avaliar esse percentual de abandono por uma perspectiva multifatorial, já que essa questão envolve não somente a saúde da pessoa acometida, mas uma série de fatores que perpassam o acesso ao serviço, informação e a direitos básicos, o que influencia na adesão ao tratamento”.

O acompanhamento da situação epidemiológica da hanseníase no Brasil é fundamental para avaliar a eficácia dos programas de controle da doença em todo o país. Portanto, o Painel de Monitoramento de Indicadores da Hanseníase é uma ferramenta essencial para tal processo. 

 

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