Autor de “Cartografias do corpo” fala sobre conto
O conto “Cartografias do corpo” se passa em uma escola e é narrado sob o ponto de vista de um dos alunos, de gênero não identificado, que conhece o estudante novo da escola, um menino reservado que se mantém distante de todos. Curioso para saber mais sobre o novato, o narrador se aproxima dele em uma conversa amigável e, em determinado momento, consegue enxergar que o menino possui algumas manchas pelo corpo – que tenta esconder a todo custo. Era hanseníase.
Contando com as informações que aprendeu nas aulas de biologia e com a ajuda da enfermeira da escola, o narrador descobre que o novato convivia com uma versão não contagiosa da doença. Portanto, ele não precisava manter distância dos outros alunos. Vendo que o menino ainda estava com vergonha das manchas que tinha na pele, o narrador revela que também possui marcas pelo corpo, mas que não as enxerga como algo negativo, pois elas contam sua história e o diferenciam das outras pessoas.
Essa é a principal mensagem do conto: são as diferenças, as marcas que cada pessoa traz em si, que formam um indivíduo. São elas que compõem a cartografia de cada corpo, destacando-o dos demais. Com essa mensagem, Cléber defende que a consciência e o respeito pelas diferenças é fundamental para que as pessoas se entendam como corpos políticos, em sintonia com o que são e com que lugar ocupam no mundo.
Tendo o público infanto-juvenil como alvo, o autor optou por não atribuir gênero ao personagem principal. A escolha foi pensada para que os leitores, independente da orientação sexual e identidade de gênero, se enxerguem representados na história. Além disso, o autor não definiu a aparência ou a causa das cicatrizes presentes no corpo do narrador, com a intenção de fazer os leitores se identificarem com a situação sem levar em conta as diferenças entre as marcas que cada indivíduo carrega.
No vídeo abaixo, confira o depoimento de Cléber sobre a participação no concurso.
Uma vez que as aulas presenciais retornarem, Cléber afirma que pretende abordar as questões sociais e comportamentais relacionadas à hanseníase. Para ele, a realização do Concurso Cultural NHR Brasil estimula a educação e potencializa as transformações que a cultura pode trazer para a sociedade. Abordando temas marginalizados e promovendo debates sobre diferentes assuntos, o autor celebra a oportunidade de usar a arte para promover mudanças sociais.