Projeto ensina a produzir biojoias para geração de renda
Oficina traz a produção de artesanato, além de formações sobre empreendedorismo e educação financeira
Fibras de buriti. Sementes de paxiúba, açaí e cupuaçu. Após horas de concentração e aprendizado, os materiais colhidos da biodiversidade brasileira vão tomando a forma de colares, brincos e pulseiras. Peças que fazem brotar novas oportunidades para os 25 participantes da oficina de biojoias do projeto Reabilitação Socioeconômica, em Rondônia. As aulas começaram nesta segunda-feira, 25, e seguem até a sexta-feira, 29, com um momento de exposição e venda dos materiais.
Em Porto Velho, a primeira oficina do projeto em 2019 reúne participantes e coordenadores de grupos de autocuidado e grupos de ajuda mútua da capital e dos municípios de Ariquemes, Ji-Paraná, Monte Negro e Ouro Preto do Oeste. Assim, as pessoas atingidas pela hanseníase que estão fora do mercado de trabalho podem aprender novas habilidades para gerar renda própria. Além de abrir novas perspectivas, a atividade é um momento de socialização e de melhoria da autoestima dos participantes.
“Definimos que é importante que os coordenadores do grupo estejam juntos aprendendo, pois eles poderão acompanhar e estimular estes participantes em cada município”, explica Albanete Mendonça, coordenadora do projeto. O trabalho com as biojoias é facilitado pela artesã Cristiane Oliveira. A oficina também proporciona conversas sobre empreendedorismo e educação financeira em parceria com o Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob).
As fotos dos materiais produzidos nos primeiros dias de oficina já circulam nas redes sociais dos participantes e coordenadores. Diante das respostas positivas, a programação vai incluir a exposição e venda dos produtos na tarde da sexta-feira. De acordo com Albanete, a renda será revertida para comprar mais matéria-prima. “Eles vão voltar para casa com material para começar a produzir, o que acaba sendo um estímulo para a continuidade do que foi ensinado”, conta.
O projeto
As oficinas do projeto Reabilitação Socioeconômica têm o foco na produção de biojoias em 2019, alcançando membros de oito grupos de autocuidado ou de ajuda mútua em diversas regiões de Rondônia. A hanseníase pode levar ao desenvolvimento de incapacidades, perda de força muscular e outras sequelas que impossibilitam algumas das pessoas acometidas de continuar em suas profissões, o que pode dificultar o acesso ou a continuação no mercado de trabalho. Os objetivos são de estimular a reinserção social, autonomia financeira e melhoria na qualidade de vida para famílias atingidas pela hanseníase.
A proposta é financiada e apoiada pela NHR Brasil, com execução da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), vinculada à secretaria estadual de Saúde em Rondônia. Em 2018, o trabalho focou no aprendizado de receitas culinárias, ajudando 21 participantes a comercializar seus produtos com regularidade mensal. Um destes beneficiados é Maria da Silva, que vivenciou o isolamento forçado em um hospital-colônia na década de 1970 e compartilha as mudanças de realidade ao estar em um ambiente de acolhida e de estímulo à autonomia.
Para este ano, outras duas oficinas de biojoias estão previstas para os meses de julho e novembro. Os participantes são selecionados a partir da identificação de pessoas interessadas, em diálogo com os coordenadores de grupos de autocuidado e grupos de ajuda mútua. Além do momento presencial das oficinas, o projeto acompanha os participantes para oferecer apoio no início da comercialização dos produtos.
Data de publicação: 28 de março de 2019