Ensaio clínico do PEP++ recebe aprovação ética
Abordagem de quimioprofilaxia reforçada em hanseníase tem previsão para início em 2020
O protocolo clínico para a pesquisa de quimioprofilaxia pós-exposição reforçada para contatos de casos de hanseníase foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa). A aprovação permite o início do trabalho de campo do ensaio clínico do PEP++ nas cidades de Fortaleza e Sobral, com início previsto entre os meses de março e abril de 2020.
O trâmite é necessário para a estratégia de quimioprofilaxia, que será realizada com a administração de medicamentos para contatos de hanseníase, buscando uma abordagem preventiva em pessoas que ainda não manifestaram a doença. O CEP analisa se o protocolo clínico está de acordo com normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.
Além do ensaio clínico, outras etapas do projeto PEP++ haviam sido submetidos à Plataforma Brasil e recebido aprovação ética: o estudo Conhecimentos, Atitudes, Práticas e Percepções Relativos à Hanseníase em Áreas Hiperendêmicas do Brasil (CAPP-Hans), que já foi finalizado, e o mapeamento participativo ainda em andamento no município de Fortaleza.
Atividades de campo
Um conjunto de estratégias compõe o PEP++, projeto multicêntrico em implementação no Brasil, na Índia e na Indonésia, com coordenação internacional da NLR.
Com a estratégia do ensaio clínico, a pesquisa utilizará o esquema reforçado de antibióticos, com rifampicina e claritromicina, para contatos sociais de casos de hanseníase diagnosticados entre 2014 e 2018. Após qualificação dos dados, a quimioprofilaxia fará a abordagem preventiva para contatos de 3.042 casos em Fortaleza e 385 casos em Sobral.
Outras estratégias estão em andamento como atividades do projeto. Nas duas cidades, o mapeamento participativo envolveu profissionais, agentes de saúde e agentes de endemias das 112 unidades básicas de saúde de Fortaleza e 37 unidades de Sobral.
A estimativa é que, até o final do mês de janeiro de 2020, os agentes comunitários de saúde (ACS) sejam treinados nos dois municípios. O projeto também deverá ofertar treinamentos para médicos e enfermeiros. O objetivo é despertar os profissionais de saúde para a endemicidade da doença em seus territórios, além de capacitar os profissionais de nível superior para realizar o manejo da hanseníase nos serviços.
O projeto contempla ainda a perspectiva da informação sobre a doença para comunidades, contatos, pessoas acometidas e profissionais de saúde. Nos meses de outubro e novembro, foram realizadas oficinas para a construção coletiva da campanha informativa sobre hanseníase.
A previsão é que os materiais e as estratégias definidas sejam utilizadas no mês de janeiro de 2020, buscando promover o debate sobre a hanseníase entre os diversos atores sociais.