Projeto promove reuniões virtuais para atenção básica
Encontros são destinados a profissionais do interior da Bahia
O suporte aos profissionais da atenção primária é o foco das atividades virtuais do projeto IntegraDTNs durante a pandemia da COVID-19. Em municípios do interior da Bahia, membros do projeto promovem conferências online para orientações e troca de experiências sobre a realidade dos territórios no cenário atual da saúde pública.
Vitória da Conquista foi a primeira cidade, com um ciclo de dez reuniões virtuais realizadas desde o mês de abril. Cada encontro é destinado a um público específico, como dentistas, enfermeiros, profissionais do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), agentes comunitários de saúde (ACS) e agentes de combate às endemias (ACE). A estratégia ainda deve ser levada para os municípios de Anagé e Tremedal.
“É uma epidemia nova em um momento agudo, isso exige estrutura e práticas diferentes. Neste espaço, podemos conversar sobre o papel de cada profissional diante da COVID-19, sobre como reduzir riscos, que estratégias podem ser adotadas”, explica Eliana Amorim, coordenadora do projeto IntegraDTNs pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). O projeto também recebe apoio técnico e financeiro da NHR Brasil.
No estado, o IntegraDTNs promove e qualifica a integração dos profissionais da atenção básica para o controle da hanseníase e da doença de Chagas. Na situação atual e sem atividades de campo acontecendo, o apoio se volta para o contexto da COVID-19, compreendendo a importância da rede primária como porta de entrada e oportunidade de acesso para muitos usuários da saúde pública.
Dúvidas e práticas
As rodas de conversa permitem que os profissionais falem sobre como estão atuando, compartilhando os cuidados para prevenir a infecção e dicas para conseguir alcançar as pessoas das comunidades.
Os ACS, por exemplo, relatam que não estão adentrando as casas para a proteção das pessoas do território, passando informações do lado de fora das residências sempre que possível. São diversas as realidades e estratégias, como grupos de Whatsapp para repasse de informações e acompanhamento de pessoas em grupo de risco por telefone.
Os principais desafios também surgem nas conversas. “Muitos reclamam de pessoas que não entendem a gravidade da situação, de bares, salões de beleza, feiras que continuam funcionando nas diversas localidades”, exemplifica Eliana.
Uma das situações evidenciadas pelos profissionais é o fluxo migratório de famílias retornando de São Paulo e do Rio de Janeiro para o interior da Bahia. Os relatos são de que algumas famílias desrespeitam as orientações de distanciamento social e promovem festas em casa. Sem o vínculo prévio destas pessoas com os ACS, convencer sobre os cuidados necessários é ainda mais difícil.
Entre profissionais que trabalham nas unidades, são relatados os desafios em atender as pessoas com segurança em espaços pequenos e sem disponibilidade de Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Algumas dicas são compartilhadas para estruturar um espaço de triagem do lado de fora das unidades.
De acordo com Eliana Amorim, as reuniões virtuais contam com a presença de algum representante das secretarias municipais de saúde. Isto facilita a articulação para alcançar mais profissionais das unidades. E permite também que as dificuldades operacionais sejam discutidas com pessoas vinculadas à gestão da saúde, tendo mais possibilidade de gerar melhorias concretas e mudanças para o combate à pandemia na linha de frente.
Os resultados das rodas de conversa devem ser compilados em um documento ao fim deste período. Segundo Eliana, a ideia é registrar experiências, as principais dificuldades e as estratégias de superação, permitindo futuras reflexões sobre a atuação e o fortalecimento da atenção básica e suas relações com os territórios impactados pela pandemia.
Data de publicação: 5 de maio de 2020