Projeto busca incluir acolhimento a pessoas
acometidas por diferentes DTNs
Grupo de Autocuidado Inclusivo destaca protagonismo de lideranças e ressalta de pessoas acometidas por enfermidades como doença de Chagas e Filariose
Os Grupos de Autocuidado (GACs) são movimentos de acolhimento destinados a pessoas com condições de saúde semelhantes, implementados atualmente dentro da realidade do Sistema único de Saúde (SUS). Esses espaços têm como objetivo realizar ações de educação em saúde, buscando incentivar os participantes a aderirem melhor aos tratamentos e cuidados necessários para a sua condição.
A formação dos grupos promove a construção de práticas de autocuidado, pois permite que a pessoa, ao interagir com os participantes com a mesma condição e com os profissionais de saúde que os orientam, se sinta acolhida. Desta forma, o usuário dessa ferramenta compõe posição de protagonista em sua jornada de tratamento, por meio do empoderamento gerado pelo conhecimento adquirido.
A implementação dos GACs está incluída nas estratégias do eixo de prevenção à incapacidades apoiadas pela NHR Brasil. Hoje, existem mais de 22 grupos voltados para pessoas acometidas pela hanseníase apoiados pela organização. Apesar da iniciativa ser voltada para esse grupo em específico, autoridades de saúde do estado de Pernambuco, em parceria com lideranças comunitárias e representantes de organizações sociais, buscam integrar o cuidado a outras DTNs.
Marize Ventin, coordenadora de projetos da NHR Brasil, revela que as experiências vividas nos GACs são primordiais para a inclusão social, empoderamento e para suscitar possibilidades de geração de renda.
“Pensando nessas estratégias, que surgem a partir do autocuidado, indagamos ‘por que não ampliar esses encontros para outras DTNs?’. Nós temos grupos de lideranças com voz, com atuação em seus territórios. Então, nessa perspectiva, esse grupo com um roteiro desenvolvido pelas lideranças é importante para fortalecer as políticas voltadas para a causa da Doença de Chagas e de Filariose”, ressalta Marize.
GACs Inclusivos
Em oficina, realizada no dia 18 de julho na Universidade de Pernambuco (UPE), foram apresentados os planos para a implementação da atividade em Recife de forma a incluir pessoas atingidas pela Doença de Chagas e Filariose, ambas doenças negligenciadas que são endêmicas na região.
A primeira reunião do novo GAC está programada para o dia 28 de agosto. Os encontros ocorrerão mensalmente com a direção de lideranças que atuam na luta pelos direitos das pessoas acometidas pelas enfermidades.
Maurineia Roseno, liderança do Morhan em Recife e parceira da NHR Brasil, esteve presente na ocasião e será uma das coordenadoras do GAC Inclusivo. Ela considera a união de diferentes representantes dos grupos de pessoas acometidas pelas DTNs importante para o andamento do projeto. “Todas as três DTNs estão negligenciadas também. Então a gestão está abraçando a interação de todos, nos acolhendo ao ouvir o nosso testemunho e a nossa luta”, destaca ela.
Dircelene Mendonça, liderança e representante do movimento da luta de pessoas acometidas pela filariose, anseia pelo início da atividade. Ela conta que a oficina de implementação do GAC Inclusivo foi muito esclarecedora e o envolvimento do cuidado para outras DTNs é relevante pois anteriormente não havia atividades com o nível de planejamento apresentado agora para pessoas acometidas pela filariose.
Além desse aspecto inovador, a presença de lideranças na gestão e mediação das atividades do grupo permitirá maior reconhecimento das questões particulares dos participantes. Dircelene espera que as pessoas envolvidas no GAC Inclusivo se vejam nela.
“O mesmo o que elas sentem eu sinto, não é? Isso vai dar mais liberdade para cada pessoa falar sem sentir medo ou vergonha. Quero transmitir para o participante que ele pode enfrentar qualquer coisa nesse mundo, mesmo com suas limitações”, reforça a liderança.
Confira abaixo mais imagens da oficina de preparação do GAC Inclusivo: