Dona Lourdes: Superação Contra o Estigma da Hanseníase
Conheça Francisca Lourdes da Silva, pessoa acometida pela hanseníase que encontrou forças para enfrentar os desafios da doença por meio do projeto Desenvolvimento Inclusivo da NHR Brasil
Francisca Lourdes da Silva, mais conhecida como Dona Lourdes, imaginou que alguma coisa poderia estar afetando sua saúde quando perdeu a sensibilidade térmica das mãos e dos pés, um dos sinais comuns da hanseníase. Hoje, aos seus 67 anos, ela encontra propósito e perseverança enquanto artesã, produzindo chapéus de palha no distrito de Jaibaras, em Sobral (Ceará), onde vive.
Ela relata sobre uma ocasião em que tinha recebido uma amiga em sua casa e, ao preparar café para servi-la, acabou derramando o líquido quente em seu braço. Sua visita, então desesperada, procurou ajuda na vizinha, uma vez que Dona Lourdes tinha queimado seu braço inteiro. Entretanto, a artesã não tinha sentido qualquer dor e nem um pouco do calor do café fervente.
Desde o ocorrido, a busca por definir o que assolava Dona Lourdes foi incessante. Por meio de uma campanha realizada em sua cidade, coordenada por um médico hansenologo, ela foi avaliada e diagnosticada com hanseníase. Em seu caso, o diagnóstico foi ainda mais complicado de ser alcançado. Afinal, ela não apresentava manchas na pele, comumente encontradas em pessoas acometidas. Mas a doença já havia comprometido seus nervos, sem o aparecimento de lesões cutâneas.
“Primeiro eu não tinha gosto nem de achar graça, tinha uma tristeza dentro de mim”, fala Dona Lourdes sobre o que lhe assombrou no começo de seu tratamento. Desde que passou a participar ativamente das ações do projeto Desenvolvimento Inclusivo da NHR Brasil, que engaja os participantes em diálogos voltados para a eliminação do estigma, Dona Lourdes afirma ter fortalecido sua autoestima e vencido o preconceito.
Sua produção artesanal de chapéus de palha ajudam a manter-se ativa, prevenir a atrofiação dos nervos e consequentemente de seus membros. Por mais que as sequelas deixadas pela doença afetem seu dia a dia, Dona Lourdes encara a vida com uma atitude esperançosa. “Graças a Deus agora me sinto bem, empoderada! Nem imagino mais que tive a doença!".