Workshop fortalece Grupos de Pessoas Afetadas pela Hanseníase

Reunindo profissionais de saúde, acadêmicos e lideranças pela causa da hanseníase, Fundação NHR Brasil conclui oficina do projeto Zero Exclusão voltada para ampliar abordagem integral da doença

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Em um cenário onde os Grupos de Autocuidado em Hanseníase se destacam como peça fundamental na linha de cuidado preconizada pelo Ministério da Saúde, o desafio reside na necessidade de capacitação e estímulo a profissionais da Atenção Primária e de Centros de Referência para adotarem uma abordagem integral da doença.

Nesse contexto, durante os dias 17 a 19 de junho, Fortaleza sediou o Workshop de Fortalecimento e Implantação das Atividades do Zero Exclusão para Grupos de Pessoas Afetadas pela Hanseníase. Promovido pelo projeto Zero Exclusão da Fundação NHR Brasil, o momento buscou contribuir com a formação e o incentivo de profissionais, reunindo participantes de áreas da saúde e da assistência social, além de lideranças pelo enfrentamento à doença dos estados de Pernambuco, Rondônia, Piauí e Ceará. 

Entre os participantes, havia coordenadores de grupo de ajuda mútua, grupo inclusivo, grupo de convivência e grupos de autocuidado (GACs), que proporcionaram um espaço de aprendizado mútuo e facilitaram a disseminação de experiências essenciais para uma maior compreensão das necessidades das pessoas acometidas, além de promover a autoestima e o bem-estar.

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Abertura do Evento 

O evento teve início com uma calorosa apresentação conduzida por Hellen Oliveira, gestorade projetos da organização e coordenadora da oficina. Ela detalhou a dinâmica do workshop, destacando a importância das discussões sobre o fortalecimento dos Grupos de Pessoas Afetadas pela Hanseníase. Marize Ventin, também gestora de projetos da Fundação NHR Brasil, deu boas-vindas aos participantes e relembrou o compromisso do projeto Zero Exclusão em expandir esses grupos para outros estados, enfatizando a relevância do encontro para o intercâmbio de conhecimentos entre profissionais e pessoas afetadas pela doença. 

Presentes na oficina estavam Maurineia Roseno e Paulo Rodrigues do Morhan, que integram o Movimento de Reintegração das Pessoas Acometidas pela Hanseníase (Morhan) e o Movimento Nacional das Doenças Negligenciadas (MNDN). As lideranças, ativas nas coordenações de projetos de autocuidado em Teresina e Recife, compartilharam suas experiências e desafios. Maurineia discutiu suas atividades como coordenadora de grupos de autocuidado, enquanto Paulo destacou a superação de estigmas e dificuldades pessoais durante seu tratamento. Ambos enfatizaram a importância dos grupos na capacitação e empoderamento de pessoas acometidas pela hanseníase, além da necessidade de adaptações acessíveis para melhorar a qualidade de vida dos participantes.

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Práticas Integrativas e Direitos Humanos

No segundo dia, o foco se voltou para práticas integrativas complementares ao tratamento clínico da hanseníase. O grupo apresentou projetos de reabilitação biopsicossocial, destacando a importância da arte-terapia e outras atividades para a recuperação da autoestima e melhora da dor das pessoas afetadas. 

Além disso, foi conduzida uma discussão essencial sobre os direitos das pessoas afetadas pela hanseníase, onde foram destacadas questões legais e sociais pertinentes, como auxílios sociais e aposentadorias garantidas por lei. A equipe também pontuou as experiências de reabilitação socioeconômica, ressaltando estratégias para garantir a reintegração social e econômica dos afetados pela doença, como acontece com a produção de biojóias pelo grupo ArtsBiohans, apoiado pela organização em Rondônia em parceria com a AGEVISA-RO. 

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Foco na Pessoa Acometida

O Workshop foi um marco na colaboração entre profissionais de saúde e assistência social, lideranças sociais e organizações, destacando a importância da união e da capacitação para melhorar a qualidade de vida de pessoas atingidas pela hanseníase durante e após o tratamento. Os resultados alcançados e as discussões realizadas promovem um futuro mais inclusivo para todos os envolvidos. 

Maurineia Roseno, coordenadora do GAC da Policlínica Clementino Fraga e do GAG Inclusivo em Recife, reflete sobre a experiência vivida na oficina com celebração: “Aprendi a trocar saberes com os profissionais de Rondônia, Piauí e Ceará. Pessoas acolhedoras compartilharam suas histórias, experiências de dez anos em autocuidado, oficinas e planejamentos. Nos grupos que coordeno, vamos introduzir dinâmicas e exercícios apresentados pelos demais profissionais presentes aqui. Vamos fortalecer os grupos, mesmo com altos e baixos, indo ao campo sem perder a esperança.” 

A professora da Universidade de Pernambuco, Raphaela Delmondes, classifica a oficina como inovadora. "Este também é um momento de autocuidado para nós, onde nos fortalecemos uns aos outros, compartilhando sucessos e desafios. Aqui percebemos que as dores dos profissionais de Pernambuco são as mesmas de Rondônia, Piauí e Ceará. Compartilhar essas dificuldades nos fortalece, não apenas com apoio, mas também com estratégias para enfrentá-las. Após vinte anos lutando pelos direitos das pessoas com hanseníase, saio daqui renovada, cheia de energia para persistir e mudar estruturas. Minha expectativa é que esse grupo siga trocando saberes para além do evento”, compartilha ela.

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O Workshop serviu também para motivar gestores de unidades de saúde do Ceará a implementarem novos grupos em seus territórios. Ana Carla de Souza, enfermeira à frente do Centro de Saúde da Família de Jaibaras em Sobral (CE), terminou o encontro com planos para a formação de um grupo voltado à saúde das pessoas acometidas pela hanseníase em sua unidade. Ela viu nas oficinas um ponto de partida para implementar mudanças significativas em sua unidade de saúde, reforçando um ambiente de cuidado contínuo e participativo para promover vínculos e inclusão social. 

 “Temos uma proposta de implementar o grupo ainda em julho deste ano. Nossa equipe já está bastante motivada para começar esse processo. Precisamos nos mobilizar e retomar a verdadeira função da atenção primária, que não é apenas de consultório ou ambulatório, mas sim de educação em saúde, promoção e prevenção. Precisamos voltar a esses princípios, estar presentes na comunidade, ouvir e entender suas necessidades para realmente fazer a diferença dentro do território”, destaca a gestora. 

A oficina reitera o compromisso contínuo com a melhoria dos cuidados e o fortalecimento dos Grupois de Pessoas Afetadas pela Hanseníase como compromisso da Fundação NHR Brasil em promover inovação, sustentabilidade e inclusão social, pilares essenciais no enfrentamento à doença no Brasil.

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