“A hanseníase tem cura, mas, se não diagnosticada e tratada a tempo, pode provocar sequelas irreversíveis.”

O QUE É ?

O que é Hanseníase ?

Considerada uma das doenças mais antigas no mundo, a hanseníase é uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium leprae (ou bacilo de Hansen), transmitido pelas vias aéreas superiores (nariz e boca) por meio de gotas eliminadas no ar. A transmissão se efetiva apenas em um convívio próximo e bastante prolongado (durante meses ou anos) com pessoas que têm a doença e não sabem ou não deram início ao tratamento.

 

A doença afeta principalmente a pele e os nervos periféricos, mas também podem atingir as mucosas do trato respiratório e os olhos. Os principais sinais e sintomas incluem manchas na pele com perda ou alteração de sensibilidade ao calor, frio, dor e toque, mas nem sempre esse aspecto acontece. Por isso, é importante ficar atento a outros sinais e sintomas como fisgadas ou dormências nas extremidades do corpo, caroços e inchaços; perda de pelos; diminuição do suor; perda ou alteração da força muscular; e ressecamento dos olhos.

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Transmitido pelas vias aéreas superiores (nariz e boca) por meio de gotas eliminadas no ar.

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A transmissão se efetiva apenas em um convívio próximo e bastante prolongado (durante meses ou anos) com pessoas que têm a doença e não sabem ou não deram início ao tratamento.

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A doença afeta principalmente a pele e os nervos periféricos, mas também podem atingir as mucosas do trato respiratório e os olhos.

Sinais e sintomas

Fisgadas ou dormências nas extremidades do corpo

Manchas na pele com perda ou alteração de sensibilidade ao calor, frio, dor e toque

Caroços e inchaços

Perda de pelos

Diminuição do suor

Perda ou alteração da força muscular

Ressecamento dos olhos

Sensação de formigamento, fisgadas ou agulhadas nos nervos dos braços e pernas

Um ou mais desses sinais e sintomas podem indicar hanseníase. Além disso, vale lembrar que eles podem surgir dentro de um ano, mas também levar até 20 anos ou mais para se manifestarem, uma vez que a micobactéria se multiplica lentamente, com um período médio de incubação da doença de 5 anos.

 

A hanseníase é uma doença que tem cura e o tratamento, que dura cerca de 1 ano, é gratuito e disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil. Quanto mais cedo for o diagnóstico e o início do tratamento, maiores são as chances de prevenção para incapacidades ou deficiências. Após o início do tratamento, a pessoa afetada deixa de transmitir a doença, mas aquelas que tiveram convívio próximo e prolongado com a pessoa diagnosticada devem ser examinadas e acompanhadas nos serviços de saúde.



Não se trata de uma doença fatal, mas a hanseníase pode resultar em uma série de sequelas irreversíveis devido aos danos causados nos nervos periféricos e às reações imunológicas do corpo ao Mycobacterium leprae.

DEFICIÊNCIAS

Deficiências

Quando não tratada em tempo oportuno ou quando o paciente não adere adequadamente ao tratamento, a progressão da hanseníase pode ocasionar sequelas e incapacidades físicas, muitas vezes permanentes, especialmente nas mãos, pés e olhos. Isso ocorre devido à diminuição da sensibilidade causada pelo comprometimento dos nervos, fazendo com que os pacientes não percebam lesões, queimaduras ou traumas que podem resultar em infecções e desenvolvimento de úlceras crônicas de difícil tratamento, devido à má circulação e à persistente falta de sensibilidade.
Quando a infecção dessas úlceras leva a uma condição incontrolável por antibióticos e cuidados locais, a amputação pode ser necessária para evitar a propagação da infecção e melhorar a qualidade de vida do paciente, prevenindo novas lesões e infecções.

 

Além disso, o dano aos nervos tende a levar à paralisia dos músculos nas áreas afetadas, resultando em deformidades como a "mão em garra" ou "pé caído", que predispõem a novas lesões. As inflamações crônicas decorrentes da hanseníase também podem levar à absorção óssea (osteólise), especialmente nas falanges dos dedos, contribuindo para deformidades e a perda de partes dos dedos.

 

Infelizmente, cerca de 10% das pessoas diagnosticadas no Brasil anualmente já demonstram algum nível de incapacidade física devido a complicações da hanseníase. Esse dado sugere um cenário de diagnóstico tardio, enfatizando a urgência de adotar medidas para capacitar profissionais de saúde a identificar e tratar a enfermidade de forma precoce, uma vez que é possível evitar a evolução da doença para estágios avançados.

Preconceito

Apesar de ter tratamento e cura, o estigma, a discriminação e o isolamento social associados à hanseníase são um dos principais desafios enfrentados pelas pessoas atingidas. Tais aspectos negativos, muitas vezes enraizados em mitos e falta de conhecimento sobre a doença, tendem a impactar significativamente a qualidade de vida das pessoas afetadas.

 

Outro aspecto é que indivíduos podem hesitar em buscar ajuda médica ou relatar sinais e sintomas devido ao medo de serem estigmatizados e discriminados pela comunidade, amigos ou familiares. Isso retarda o diagnóstico precoce, permitindo que a doença se agrave e perpetuando a cadeia de transmissão.

 

Combater esses estigmas e promover a conscientização sobre a hanseníase são passos essenciais para garantir que os pacientes tenham acesso ao apoio e à inclusão necessários para enfrentar a doença e suas consequências físicas e psicológicas. Além disso, garantir o apoio social e o acesso igualitário aos serviços de saúde são medidas essenciais que estimulam o diagnóstico precoce e permitem o controle da doença.

Determinante Social

A hanseníase figura na lista das Doenças Tropical Negligenciadas (DTNs) estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Trata-se de um grupo variado de condições que afetam a vida de mais de 1 bilhão de pessoas em comunidades mais vulneráveis em todo o mundo, com graves consequências sanitárias, sociais e econômicas. O Brasil é um dos países onde este grupo de doenças apresenta-se como problema de saúde pública, já que também prevalecem no país enfermidades como doença de Chagas, esquistossomose, leishmaniose, hepatites e filariose linfática.

Assim como outras DTNs, a hanseníase tende a afetar principalmente populações de baixa renda e grupos étnicos minoritários: populações muitas vezes com acesso limitado a serviços de saúde, educação e moradia digna. Tal contexto eleva as chances de disseminação da hanseníase, além de contribuir com a detecção tardia e taxas elevadas de incapacidade, o que compromete o desenvolvimento humano e social em territórios endêmicos e perpetua ciclos de pobreza e desigualdades sociais.

Investimentos reduzidos em pesquisas e em produção de novos medicamentos também são uma realidade no contexto das DTNs e da hanseníase. Apesar de eficazes, os métodos atuais de prevenção, diagnóstico e tratamento para a doença são considerados antigos e podem gerar uma série de reações adversas, o que dificulta a aderência ao tratamento.

É por isso que a Fundação NHR Brasil busca transformar esse cenário através de um compromisso contínuo com a inovação e com a ciência, desenvolvendo pesquisas, métodos e intervenções combinadas de saúde pública em diferentes regiões do país. Dessa forma, seguimos contribuindo para alcançarmos o controle da hanseníase e a melhoria da qualidade de vida das pessoas e comunidades atingidas.

Inovações em Prevenção

O diagnóstico precoce e o tratamento imediato têm sido as principais estratégias de prevenção da hanseníase rumo à interrupção da cadeia de transmissão do Mycobacterium leprae (M. leprae). Para alcançar esses objetivos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fornece orientações detalhadas, incluindo a busca ativa para identificação de casos índices e o rastreamento de contatos próximos, sobretudo em comunidades endêmicas.

 Como importante ferramenta adicional de intervenção, a OMS recomenda desde 2020 a utilização da Quimioprofilaxia Pós-Exposição com o uso do antibiótico rifampicina em dose única: tanto para prevenir o desenvolvimento da doença em indivíduos que tiveram contato próximo com pessoas acometidas como também para conter a transmissão da M. Leprae. Embora seja uma medida preventiva considerada eficaz, o Brasil ainda não adota nenhum esquema de Quimioprofilaxia Pós-Exposição como estratégia de saúde pública.

 

 

 

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Para contribuir com evidências e perspectivas científicas sobre o tema, a Fundação NHR Brasil desenvolve no país o Programa PEP++, um estudo que avalia a perspectiva de um esquema reforçado de Quimioprofilaxia Pós-Exposição. Este esquema combina rifampicina e claritromicina em três doses administradas em até 2 meses, buscando uma eficácia em torno de 80% a 90% entre as pessoas incluídas no programa.

As ações também também incluem o fortalecimento dos sistemas de saúde e a conscientização comunitária, contribuindo para melhorar a saúde e o bem-estar das populações afetadas pela doença. Com coordenação internacional da NLR e financiamento da Loteria Nacional Holandesa, o estudo acontece simultaneamente também Índia, Indonésia, Bangladesh e Nepal.

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Para contribuir com evidências e perspectivas científicas sobre o tema, a Fundação NHR Brasil desenvolve no país o Programa PEP++, um estudo que avalia a perspectiva de um esquema reforçado de Quimioprofilaxia Pós-Exposição. Este esquema combina rifampicina e claritromicina em três doses administradas em até 2 meses, buscando uma eficácia em torno de 80% a 90% entre as pessoas incluídas no programa.