Conheça a jornada que Clediane percorreu até o diagnóstico de hanseníase de seu filho, Enzo, de apenas 2 anos.
Natural de Sobral (CE), na região Nordeste do Brasil, a dona de casa Maria Cleidiane Souza, de 35 anos, tomou conhecimento sobre a hanseníase após conhecer seu atual marido, Daniel, que havia sido acometido pela doença ainda jovem, mas já tinha completado seu tratamento.
Morando com Daniel em Jaibaras, distrito com alta endemicidade para a doença em Sobral, Cleidiane teve um filho, o pequeno Enzo, que apresentou sintomas da hanseníase com apenas 3 meses de idade. “Surgiu uma bolinha vermelha na bochecha dele. No começo eu pensei até que tinha sido um mosquito que tinha picado ele. O Enzo foi crescendo e a bolinha foi crescendo e crescendo junto com ele”, relata ela.
Ao verem a criança com a mancha no rosto, os vizinhos de Cleidiane se preocuparam e aconselharam-na a levar Enzo ao posto de saúde mais próximo para que ele fosse consultado. Lá, seu filho havia sido diagnosticado com micose, e foi iniciado o tratamento que não solucionou o problema.
Por mais que Cleidiane soubesse que existiam casos de hanseníase na família de seu marido, em nenhum momento passou por sua cabeça que seu filho estivesse acometido pela doença.
“Eu soube sobre a doença não apenas por conta do pai de Enzo, mas também pelo avô dele, que teve hanseníase, mas que ainda não conclui o tratamento de forma satisfatória. Eu não imaginava que quando o Enzo nasceu, ele poderia ter a doença também. Quando eu vi meu filho com aquelas manchas eu pensei até que poderia ser câncer, não imaginei que pudesse ser hanseníase.”
Foi somente quando a equipe do Programa PEP++ e do Projeto Desenvolvimento Inclusivo da NHR Brasil, no qual seu marido participava, entrou em contato com a família e os visitaram que ela tomasse consciência de que os sinais que seu filho apresentava eram da hanseníase.
“Através do projeto, eu descobri o que o Enzo realmente tinha. Até chegarmos ao tratamento, foi um trabalho muito grande, mas graças a Deus está dando tudo certo. A mancha que ele tinha desapareceu quase toda, praticamente ninguém vê. Imagina então quando ele terminar o tratamento”, reforça Cleidiane.
A mãe de Enzo diz isso pois, diagnosticado aos 6 meses, e agora com dois anos, a criança está esperando seu tratamento de anemia ser finalizado para retomar o tratamento da hanseníase em um momento mais oportuno.
Cleidiane aponta para o desenvolvimento do próprio filho, que evoluiu no tratamento e suas principais queixas – Enzo era muito choroso, seus dentes cresciam frágeis e quebravam – não persistiram após seu filho começar o tratamento e o acompanhamento.
Hoje em dia a família participa das reuniões do Projeto Desenvolvimento Inclusivo, e Cleidiane relata que as informações passadas nos encontros foram importantes para quebrar alguns preconceitos que tinha sobre a doença.
“Antes eu pensava que a hanseníase era uma doença grave. Tinha até medo de sentar do lado de uma pessoa com hanseníase. Mas hoje em dia eu sei que tem tratamento e tem cura. Por isso não sinto mais medo nenhum.”
