Fundação NHR Brasil encerra mais um ano de participação no Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), o MEDTROP, que ocorreu do dia 02 a 05 de novembro em João Pessoa (PB).
O evento, em sua 60ª edição, reúne anualmente uma série de profissionais e acadêmicos de áreas distintas, como médicos, biólogos, enfermeiros e até mesmo organizações da sociedade civil que atuam na área de vigilância em saúde e na Atenção Primária à Saúde (APS).

“Mudanças climáticas e impactos nas doenças tropicais” foi o tema central do congresso. A pauta abre caminhos para a discussão sobre a relação dos impactos das mudanças climáticas nas Doenças Tropicais Negligenciadas, evidenciando a necessidade de uma abordagem integrada entre promoção da saúde para todos e a preservação ambiental.
10º Fórum DTNs
O MEDTROP também sedia eventos satélites como o Fórum Social de Enfrentamento à Doenças Infecciosas e Negligenciadas, que celebra neste ano sua 10º edição. Com o tema “Enfrentamento das Doenças infecciosas: Avanços e Desafios”, o Fórum aconteceu no dia 01 e 02 de novembro, e reuniu lideranças, organizações, movimentos sociais e profissionais da saúde que lutam pelos direitos das pessoas que acometidas pelas Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs).
Luzia Alves e Anselmo Andrade, lideranças pela causa da hanseníase e pessoas acometidas pela doença, participaram pela primeira vez do Fórum. As lideranças de Teresina (PI) representaram o Centro de Atenção Especializada em Hanseníase Maria Imaculada e relatam a dimensão da experiência:
“Para mim foi incrível participar desse evento! Tivemos rodas de conversas, debates, atividades de integração. E o melhor, escutamos cada palavra de pessoas que enfrentam problemas de saúde como a hanseníase. A gente vê que é uma batalha muito grande, mas que a gente não está só”, compartilha Luzia.

Para Anselmo, que também participou pela primeira vez do Fórum através do apoio da NHR Brasil, o retorno dessa experiência trouxe novos conhecimentos e amizades com as lideranças que também compõem o coletivo do Fórum. Além disso, ele reforça a importância do debate sobre as doenças infecciosas e parasitárias, que ainda assolam um número significativo de pessoas no país. Por isso, “precisamos continuar com os movimentos sociais na luta por um Brasil saudável”, reitera Anselmo.
Diante do contexto sinalizado por Anselmo, a 10ª edição do Fórum veio para relembrar as cobranças sobre a efetivação de políticas públicas no enfrentamento às DTNs. As lideranças reivindicam por financiamento adequado do Programa Brasil Saudável, lançado pelo Ministério da Saúde no ano de 2024, projeto voltado para o combate de doenças socialmente determinadas. Além disso, na carta redigida pelas lideranças ao final de todo Fórum, o coletivo reitera a importância da realização de atividades de educação em saúde permanente em territórios afetados pelas DTNs.

Atividades; debates científicos sobre saúde e inovações no enfrentamento às DTNs
O MEDTROP é um cenário oportuno para que a comunidade acadêmica, profissionais da área da saúde e outros atores sociais possam discutir sobre a realidade das Doenças Tropicais Negligenciadas no País.
A equipe da Fundação NHR Brasil participou de uma série de atividades que promovem discussões importantes no campo de pesquisa sobre saúde pública, assim como sobre a temática da hanseníase. Uma delas foi a oficina “Go.Data” que teve como objetivo a instrução de uso da ferramenta que funciona como um sistema de rastreamento de contatos crucial para a vigilância epidemiológica.
Aymée Rocha, Coordenadora de Pesquisas da Organização, destaca que a participação na atividade foi relevante pois se alinha com os objetivos da Organização para 2026, que busca utilizar a ferramenta no contexto da hanseníase, inicialmente tendo o Estado do Ceará como piloto.
No congresso, Aymée também apresentou seu trabalho fruto de sua tese de mestrado “Percepções sobre a hanseníase no Nordeste do Brasil: um estudo comunitário sobre estigma, empoderamento e distanciamento social.” Em sua apresentação, Aymée enfatizou sobre o impacto do estigma no acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado de novos casos de hanseníase.

Com uma experiência rica em debates sobre saúde pública e a interligação entre o combate às DTNs e a preservação ambiental, o 60º MEDTROP segue sendo um evento imprescindível para tratar das principais demandas relacionadas às doenças socialmente determinadas, como a hanseníase.
Contudo, a Fundação NHR Brasil reflete sobre as poucas abordagens trazidas sobre a doença na ocasião. Ainda assim, na mesa de debate sobre a hanseníase proporcionada pelo Ministério da Saúde, os participantes tiveram oportunidade de destacar a demanda, com a solicitação de mais atividades com enfoque na temática nas próximas edições do evento.
Encontros que fazem a diferença
Além de ser um espaço de debates acadêmicos e de reforço das lutas sociais pelo combate às DTNs, o MEDTROP é um espaço que reúne parceiros de longa data da Fundação NHR Brasil.
Ana Rita Cardoso, Diretora Executiva da Organização, destaca com muita alegria que encontrar com esses parceiros é uma forma de ter a missão da ONG reconhecida.
“Tivemos a oportunidade de ouvir relatos e testemunhos muito importantes sobre como a NHR Brasil fez diferença na vida de pessoas que foram acometidas pela hanseníase que participaram dos nossos projetos de formação de lideranças anteriormente”, relata Ana Rita.

Ademais, a Diretora salienta:
“A ocasião foi importante para reafirmarmos nossa posição quanto a necessidade de melhoria das políticas públicas para as pessoas que vivem com a hanseníase. É imprescindível olhar para investimentos na prevenção, como é o caso da adoção da PEP como estratégia de saúde pública, como uma ferramenta extra de cuidado para os contatos das pessoas acometidas pela doença.”






