A Fundação NHR Brasil apresenta, neste Dia Nacional da Saúde, a primeira de uma série matérias produzidas em alusão à data do dia 5 de agosto. Com a finalidade de trazer informações sobre a Educação em Saúde na perspectiva da atuação de diferentes profissionais da saúde.
O dia 5 de agosto é o Dia Nacional da Saúde, data que faz alusão ao aniversário de Oswaldo Cruz, médico sanitarista que nasceu no mesmo dia em 1872. O médico foi um importante personagem histórico no combate de doenças como febre amarela, peste bubônica e varíola no território brasileiro.
A data foi oficializada por meio da Lei nº 5.352, de 8 de novembro de 1967, com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da educação em saúde e de hábitos saudáveis de vida.
Pessoas acometidas por Doenças Tropicais Negligenciadas, como a hanseníase, são impactadas pelas enfermidades em diversos contextos de suas vidas, não apenas no âmbito da saúde física e mental. Nesse sentido, é fundamental considerar o conceito de saúde para além da “ausência de doença”, valorizando o indivíduo e promovendo saúde.
A Educação em Saúde, nesse cenário, pode ser uma ferramenta valiosa, porque, como explica Dra. Juliana Ramos, médica dermatologista e especialista em hanseníase, a estratégia é “um mecanismo utilizado para dividir e transmitir conhecimento com a população, e com as pessoas acometidas pelas doenças que são as protagonistas da sua história”.
A ferramenta é incorporada na prática de profissionais de saúde como um processo contínuo de educação, a fim de não só prevenir doenças, mas também promover a saúde de forma integral. Nessa abordagem, as pessoas e suas comunidades devem ser priorizadas:
“Com a educação em saúde, nós temos a preocupação de transmitir o conhecimento, sem deixar o conhecimento científico em saúde ficar nas mãos de uma determinada categoria profissional elitizada. A saúde é de todos e para todos”, esclarece a médica.
Educação em Saúde x Educação Sanitária x Educação Popular em Saúde:
A abordagem de Educação em Saúde diz respeito a um campo que envolve diversas possibilidades de ensino. De forma geral a Educação em Saúde contempla atividades que buscam transmitir conhecimento sobre saúde à população, com o objetivo de dar autonomia empoderamento ao paciente na tomada de decisões a respeito de sua saúde e de sua comunidade.
Incluído nesse campo também está a Educação Popular em Saúde (EPS), abordagem pedagógica que contempla a inclusão do indivíduo no processo de aprendizado sobre temas de saúde pública. O contexto social e cultural é valorizado como atributo essencial nessa abordagem, já que os saberes populares podem contribuir para a compreensão de diferentes informações associadas à saúde, além de contribuir com a adesão ao tratamento e às recomendações ou orientações de saúde oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Já a Educação Sanitária é uma abordagem relacionada à educação em saúde para a prevenção de doenças, principalmente doenças infecciosas. Essa abordagem prioriza o incentivo à vacinação, boas práticas de higiene e formas de prevenção das doenças.
Estratégias para incentivar o letramento em saúde:
A educação em saúde também se relaciona com a capacidade do indivíduo de compreender as informações repassadas nessa troca. Por isso, durante o processo formativo, é importante que o profissional de saúde leve em consideração o nível de letramento em saúde que o usuário possui.
Dra. Juliana Ramos compartilha que por mais que o letramento esteja associado ao nível de escolaridade, esse fator não é determinante para uma boa compreensão das informações passadas pelos profissionais de saúde.
“Eu tenho pacientes maravilhosos, que embora não saibam ler nem escrever, e se comuniquem comigo só por áudio no aplicativo de mensagens, conseguem entender todas as instruções muito bem. Então às vezes, só preciso explicar uma vez as informações relacionadas ao caso desses pacientes”
Mas essa compreensão também parte de um esforço de compreender a realidade do paciente, uma vez que Dra. Juliana também adere à diferentes estratégias para promover acessibilidade no processo de educação em saúde com seus pacientes.
“Quando vou prescrever a medicação no tratamento da hanseníase, eu costumo colocar na receita médica uma linguagem de fácil acesso, de forma que o paciente consiga ler e entender como ele vai administrar os remédios em casa”, explica a dermatologista e médica de família e comunidade.
A médica relata que, ao preencher a receituário dos medicamentos da Poliquimioterapia Única (PQT-U) para o tratamento da hanseníase, costuma indicar a cor de cada comprimido que o paciente deve tomar e, ao lado, escreve o nome correspondente do medicamento. Essa estratégia busca facilitar a associação entre o nome do remédio e sua aparência, especialmente para pacientes com baixa escolaridade ou dificuldade de leitura. Assim, o paciente consegue identificar visualmente os comprimidos e, ao mesmo tempo, aprender o nome de cada fármaco utilizado no tratamento, promovendo maior compreensão e autonomia no cuidado com a própria saúde.
Além da estratégia descrita acima, Dra. Juliana utiliza o método de “Entrevista Motivacional” (EM), abordagem clínica que busca incentivar pacientes a promoverem mudanças comportamentais relacionadas à sua saúde. A EM é focada no princípio da colaboração, estimulando a autonomia e a autorreflexão do paciente no seu processo de tratamento.
A Educação em Saúde é, então, uma oportunidade de facilitar o acesso à informação da população geral sobre sua saúde. Além disso, a metodologia de ensino pode ser utilizada no combate ao estigma associado à hanseníase, de forma a empoderar pessoas acometidas pela doença em sua própria história, dando autonomia no cuidado com a sua própria saúde de forma integral e continuada.
Fontes: 05/8 – Dia Nacional da Saúde e Dia do Nascimento de Oswaldo Cruz / Biblioteca Virtual em Saúde